02/06/2014

Uma parceria entre as Secretarias de Agricultura e Abastecimento (SAA) e de Meio Ambiente (SMA) do Estado de São Paulo permitirá que os usuários da internet, mas, principalmente, os técnicos dos órgãos estaduais possam verificar, planejar e elaborar projetos de recuperação de matas em praticamente todo o território paulista. O projeto denominado Fitogeografia, ao unir o conhecimento científico ao georreferenciamento das áreas estudadas, tornou-se uma importante ferramenta, que estará disponível, a partir desta sexta-feira, dia 23 de maio, nos sites da CATI (www.cati.sp.gov.br) e do Instituto de Botânica (https://www.infraestruturameioambiente.sp.gov.br/institutodebotanica/) ou diretamente em  http://www.cati.sp.gov.br/new/acervotecnico.php?ID=59. A principal característica do projeto Fitogeografia é ser dinâmico, pois é exatamente com a inserção de novas informações, vindas de estudos e pesquisas, que ele poderá ser constantemente atualizado e ficar cada vez mais completo. “Esse é o grande trunfo do projeto Fitogeografia”, argumentam os seus idealizadores.

 O projeto Fitogeografia (por extenso seria “Ferramenta de indicação de espécies de ocorrência regional para projetos de restauração ecológica no Estado de São Paulo”) nasceu de uma conversa informal entre o diretor do Centro de Informações Agropecuárias da CATI (Ciagro/CATI/SAA), Mário Ivo Drugowich, a pesquisadora do Instituto de Botânica, órgão pertencente à SMA, Marina Crestana Guardia, a técnica da CATI Regional Lins e especialista na área ambiental, engenheira agrônoma Clélia Maria Mardegan, e o engenheiro agrônomo Marcelo Crestana, autor de “Florestas – Sistema de Recuperação com Essências Nativas, Produção de Mudas e Legislação”, editado pelo Centro de Comunicação Rural da CATI.

 “Durante dois anos, eu e Marina fizemos um minucioso levantamento de artigos científicos e teses de mestrado e doutorado publicadas nos últimos 45 anos pelas principais universidades paulistas e Institutos de Pesquisa que tratavam de levantamentos florísticos e/ou fitossociológicos do Estado de São Paulo. Destes, foram reunidos 146 trabalhos que possibilitaram a catalogação de 1.507 espécies”, explica Clélia Maredegan. Foi consultada também a base de dados disponível no site do Instituto de Botânica (lista de espécies florestais de ocorrência no Estado de São Paulo). Feita esta primeira parte, os técnicos do Ciagro/CATI fizeram o georreferenciamento destas mesmas áreas, demarcando áreas com feições homogêneas com relação ao tipo de solo, fisionomias florestais, hipsometria e clima. Agora, por meio do Fitogeografia, será possível saber quais os tipos de vegetação herbácea, arbustiva e arbórea existem ou existiam nesses locais ou em locais parecidos, para que os mesmos tipos sirvam de base para novos plantios com o objetivo de recuperação ambiental e/ou restauração ecológica. Com isso, espera-se uma recuperação não só da flora, mas, como conseqüência, também da fauna paulista. “A probabilidade de sucesso de plantios, baseados nestes dados, poderá ser maior”, argumenta Marina Crestana Guardia.

 “O objetivo do projeto é disponibilizar uma ferramenta de suporte à comunidade envolvida em projetos de restauração ecológica, apresentando uma lista de espécies vegetais ocorrentes em diferentes regiões do território paulista com características físicas homogêneas, aumentando-se, assim, a riqueza da biodiversidade nas áreas recuperadas procurando chegar o mais próximo possível da vegetação original do terreno”, conclui Mário Ivo Drugowich.

 A ferramenta está sendo lançada em um importante momento, pois de acordo com as exigências da nova legislação ambiental, os proprietários rurais terão que preencher o Cadastro Ambiental Rural (CAR) e apresentar um Plano de Recuperação Ambiental (PRA) e, dessa forma, poderão fazê-lo com mais chances de sucesso. A partir de agora, toda a rede de assistência técnica e pesquisa do Estado, bem como empresas de consultoria e profissionais autônomos poderão se valer destas informações para elaborar o PRA e também servirá aos curiosos pelo assunto e que estão em busca de conhecimento.

 O produtor rural será beneficiado diretamente em função da possibilidade de serem elaborados projetos mais consistentes e próximos à realidade original, consultando uma única fonte que o auxiliará na tomada de decisões, reduzirá custos com replantios e possibilitará o cumprimento da legislação ambiental.

 Os autores do Projeto Fitogeografia esperam, ainda, que a ferramenta seja um incentivo para o desenvolvimento de novos trabalhos em áreas que ainda encontram-se em branco no mapa, devido a não haver material de pesquisa. “As pesquisas, em função da proximidade com as universidades e unidades de conservação, acabam sendo recorrentes nas mesmas áreas, mas com o mapa será possível verificar áreas onde podem ser aplicados novos levantamentos que venham a complementar a cobertura do território paulista”. Os novos trabalhos de levantamentos florísticos de fragmentos ou os que não constam no mapa podem ser enviados para o e-mail de contato no portal do Fitogeografia, é essa dinâmica que interessa, tanto aos pesquisadores quanto aos extensionistas.

 De acordo com o Dr. Luiz Mauro Barbosa, Diretor Geral do Instituto de Botânica esta ferramenta vem de encontro aos estudos e ferramentas gerados pelo Instituto de Botânica, também disponibilizados no site institucional visando apoiar as Políticas Públicas voltadas à Restauração Ecológica no Estado de São Paulo.