24/06/2016

Na natureza todas as plantas têm seu ciclo de vida, uns mais curtos outros mais longos, mas um dia morrem e caem ao solo as folhas, flores, frutos e galhos. Quando isso acontece essas partes das plantas ficam amareladas ou de tonalidade marrom, murcham, secam e entram em contato com o solo. A essa camada de detritos de plantas presentes nas matas chamamos serapilheira. A parte da serapilheira que corresponde somente às folhas chamaremos folhedo. Ao entrar em contato com o solo o folhedo é prontamente colonizado por microrganismos, isto é, bactérias, fungos e animais microscópicos que se alimentam dessas partes dos vegetais. Um grupo especial de organismos microscópicos que ocorre no folhedo é o dos fungos, responsáveis pela decomposição das folhas mortas. Os fungos produzem enzimas que aos poucos vão amolecendo essas folhas, transformando os compostos químicos presentes nas folhas até que estas fiquem muito reduzidas e quase não mais percebemos que eram folhas. Dessa forma falamos que os fungos degradam (digerem) o folhedo utilizando as substâncias químicas presentes, não só para o crescimento deles, mas também liberando muitos compostos importantes para o solo, enriquecendo-o, e assim podendo ser utilizados novamente por outros organismos. Desse modo podemos sintetizar tudo isso como num círculo (ou ciclo): as plantas crescem e se reproduzem, as plantas envelhecem e morrem, os galhos e folhas mortas são decompostas pelos fungos presentes no solo, os fungos crescem e se reproduzem, os fungos liberam compostos e moléculas importantes no solo, vários organismos aproveitam esses compostos para crescerem, inclusive as plantas.

Os fungos conidiais estão presentes em abundância no folhedo de várias plantas, nas diversas formações vegetais do Estado de São Paulo e de outros Estados. Esses fungos reproduzem-se apenas assexuadamente, isto é, não precisam de outro indivíduo da mesma espécie para se reproduzir. Nessa reprodução são formadas pequenas estruturas para dispersão desses fungos, como se fossem “sementes”, chamadas conídios. Daí o nome comum dado a esse grupo – Fungos Conidiais. No projeto desenvolvido pela Pesquisadora Rosely Ana Piccolo Grandi vários fungos conidiais foram encontrados pela primeira vez no Estado de São Paulo pois não há muitos micólogos estudando esse grupo de fungos, nem no nosso Estado, nem no Brasil. Com um pouco de “sorte” podemos encontrar novas espécies ocorrendo no folhedo e este foi o caso de Thozetella aculeata P. Silva & Grandi, encontrada na Reserva Biológica de Mogi-Guaçu, município de Mogi Guaçu, área preservada e administrada pelo Instituto de Botânica. Portanto, o conhecimento da diversidade de fungos, seja de que grupo for, proporciona avanço do conhecimento, disponibiliza esses materiais para outros estudos e enriquece o patrimônio biológico do Estado.

fungos_2016

Dictyochaeta gonytrichoides